sexta-feira, 18 de novembro de 2011

RESUMO DAS ESCOLAS LITERÁRIAS


PORTUGAL

• Trovadorismo ( 1189 ou 1198 – 1434)

• Linguagem: Galego-Português
• Acompanhamento musical
• Transmitidas oralmente (mais tarde, compiladas em Cancioneiros)


Gênero Lírico – Cantigas de Amor
• Eu-lírico masculino;
• Mulher idealizada (“mia senhor”);
• Espera um benefício de sua amada (“ben”);
• Amor cortês(vassalagem amorosa);
• Coita amorosa;
• Linguagem mais trabalhada.

Gênero Lírico: Cantiga de Amigo
• Eu-lírico feminino;
• A mulher (não idealizada) lamenta a ausência do amado (‘amigo’);
• Ambiente rural ou litorâneo;
• Simplicidade de linguagem e estrutura;
• Estrutura: paralelismo e refrão (fácil memorização)

O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais comuns na poesia lírico-amorosa trovadoresca. Consiste na ênfase de uma ideia central, às vezes repetindo expressões idênticas, palavra por palavra, em séries de estrofes paralelas

Cantigas Satíricas
• Criticam ou zombam de alguém;
• Mostram diversos usos e costumes medievais;
• Linguagem mais popular;
• Reflete o falar das camadas inferiores;
• Às vezes os dois tipos (escárnio e maldizer) se misturam.

Cantiga Satírica de Escárnio
Sátira indireta;
Sutileza;
Uso da ambiguidade;
Não permite o uso do nome da pessoa atacada.

Cantiga Satírica de Maldizer• Sátira direta;
• Agressiva;
• Linguagem objetiva;
• Uso de termos chulos;
• Grosseria e obscenidade.


Humanismo (1434-1527)
• Convívio entre Teocentrismo e Antropocentrismo (transição)
• Dualidade: Fé e Razão

Manifestações Literárias
• Poesia palaciana – compilada em 1516, por Garcia de Resende – está registrada no Cancioneiro Geral -
• Prosa historiográfica (Crônicas), de Fernão Lopes;
• Teatro medieval e popular de Gil Vicente.

Poesia Palaciana
Embora ainda mantenha muitas das características das primitivas CANTIGAS, a poesia elaborada a partir do surgimento da Imprensa é ESCRITA e IMPRESSA, deixando de ter acompanhamento musical.
• As cantigas deixam de existir, já que a poesia deixa de ser oral e de ter música ao fundo.
• A produção e recepção poéticas restringem-se aos palácios: os poetas e leitores desses poemas são nobres e cultos.
• O galego-português também está dando lugar ao PORTUGUÊS ARCAICO , uma língua mais complexa.
• A produção poética palaciana pode ser encontrada no "CANCIONEIRO GERAL", organizado pelo poeta e historiador Garcia de Resende.

Gil Vicente
• Teatro: gênero dramático
• Expressa sua fé, mas não esquece a razão:
• Em nome da religiosidade, faz a crítica moral dos costumes e a sátira aos pecadores.

Fernão Lopes
• Em 1418 é nomeado guarda-mor e, em 1434 , cronista-mor da Torre do Tombo ( Arquivo Nacional de Portugal)
• “Fernão Lopes sai da regra geral (...) pela audácia com que arranca as máscaras e os mantos enganadores para nos dar, em vez de reis, príncipes ou cavaleiros, homens de carne e osso. Várias classes sociais, múltiplos aspectos da vida atraíram a sua penetrante observação e, mais do que a observação, a compreensão.” Dessa forma, o cronista nos dá uma visão de conjunto da sociedade portuguesa da época, analisando os mais variados setores que a compunham, ressaltando principalmente a importância dos fatores econômicos e a participação do povo, a quem tratava de “arraia-miúda” ou “barrigas-ao-sol”.
• Crônica de El-ReiD. Pedro I
• Crônica de El-ReiD. Fernando
• Crônica de El-ReiD. João I (1ª e 2ª partes)


Classicismo (1527 – 1580)
• Triunfo do Antropocentrismo e do Racionalismo
• Retomada da Arte Clássica (Antiguidade Greco-Romana)

Características do Classicismo
• Racionalismo = Predomínio da Razão sobre a emoção
• Sobriedade, simetria e simplicidade;
• Equilíbrio, harmonia e clareza;
• Universalismo;
• Resgate do culto à Antiguidade clássica;
• Fusão: paganismo e cristianismo;
• Imitação;
• Verossimilhança = valorização da natureza e sua imitação artística;
• Ideal ético-estético (O Belo é o Bem).

Obra de Camões:

• Camões Lírico:
1. Rimas
2. Sonetos

• Camões Épico:
1. “Os Lusíadas”

Camões Lírico
Lírica Tradicional
:
• Rimas
• Redondilhas.
• Mote – Glosas ou
Voltas

Lírica Clássica:
• Sonetos
• Decassílabos.


Poeta-filósofo

• Tenta compreender a realidade, seus mistérios e enigmas.
• Muitos de seus temas são ideias, abstrações: o Amor, a
• Injustiça, a Transitoriedade, etc.
• Neoplatonismo
• Contradições
• Dualidade corpo X alma
• (carne) (espírito)
• Conflitos internos
• Angústia
• Antíteses
• Paradoxos
• Pessimismo, desencanto
• Prenúncio do Barroco

Camões épico – Os Lusíadas
O poema narra:
• a descoberta do caminho marítimo para as Índias;
• as grandes navegações portuguesas;
• a conquista do Oriente;
• e toda a história de Portugal.

Barroco ( 1580 -1756)

• Arte da Contrarreforma católica
• Reação do espírito teocêntrico
• O Barroco é a arte da contradição, do conflito, da dúvida.
• O homem se vê dividido entre as forças da matéria e as do espírito, entre o natural e o sobrenatural.

Características Barrocas
• Religiosidade;
• Oposições, contrastes, conflitos;
• Pessimismo e incerteza;
• Exagero;
• Cultismo (Gongorismo);
• Conceptismo (Quevedismo).


Cultismo
• Jogo de palavras e imagens (descrição plástica), voltadas para a ornamentação exagerada, para o preciosismo vocabular.
• Linguagem difícil, hermética, dúbia.
• Excesso de figuras de linguagem:
metáforas, hipérbatos( inversão), gradação, etc.

Conceptismo
• É o jogo de ideias, a argumentação que tem como objetivo o convencimento.
• O texto conceptista remete o leitor à essência do significado verbal, numa elaborada montagem intelectual.
• Raciocínio lógico; clareza.

Arcadismo (1756 – 1825)

Características Árcades
• Retorno ao equilíbrio clássico
(Neoclassicismo);
• Predomínio da razão sobre a emoção;
• Ideal de simplicidade e de naturalidade;
• Temas bucólicos e pastoris;
• Paganismo (referências à mitologia greco-romana).

Convenções Árcades
• Locus amoenus (lugar ameno) a natureza é o lugar ideal;
• Fugere urbem (fugir da cidade): a cidade é lugar de sofrimento
e da corrupção dos homens;
• Aurea mediocritas (mediania de ouro)
– o equilíbrio deve ser preferido a qualquer extremo;
• Inutilia truncat (cortar o inútil)
– rejeição aos excessos barrocos, criticando, em nome da razão e do equilíbrio, a linguagem difícil do Barroco;
• Carpe diem (aproveitar o dia)
– consciente da fugacidade da vida, o poeta convida a amada a aproveitar o momento presente;
• Estoicismo: desprezo aos luxos e às riquezas.

Manuel Maria Barbosa du Bocage
• Nasceu em 1765, em Setúbal.
• Sua vida boêmia incluiu paixão por Gertrudes, que se transformaria em sua musa sob o pseudônimo e Gertrúria.
• Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um mosteiro.
• Morreu em 1805, em Lisboa, vítima de aneurisma.
• Seu pseudônimo árcade era Elmano Sadino.

A obra de Bocage compreende poesia satírica e poesia lírica.

Poesia satírica - Foi graças à obra satírica que se tornou conhecido, embora não seja a parte mais importante de sua obra.

Poesia lírica -É a melhor parte da poesia bocagiana. Nela consideram-se duas fases: a árcade e a pré-romântica.
Na fase árcade, nota-se a preocupação em seguir as convenções do estilo em moda.
Na fase pré-romântica é o ponto alto de sua poesia lírica, valendo-lhe o posto de melhor poeta português do século XVIII. Contrariando princípios árcades, Bocage escreve uma poesia de emoção, solidão e confissão, em que predomina uma visão fatalista e pessimista do mundo.


BRASIL


Quinhentismo (século XVI) (1500 – 1601)

Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Compõe-se da Literatura Jesuítica e da Literatura de viagem
Literatura Jesuíta ou de Catequese,
o Padre José de Anchieta
 poemas,
 autos,
 sermões
 cartas
 hinos.
 Peças teatrais
o O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros.

Literatura de Informação ( de viagem ) sobre o Brasil.
o Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral.
 cartas e seu diário
o O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, fauna, flora e sociais da nova terra.

Barroco ( século XVII ) (1601 – 1756)(SEISCENTISMO)

• Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais.
• As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual.
• Metáforas, antíteses, hipérbatos (inversões) e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período.
Bento Teixeira, autor de Prosopopéia ( marco inicial da estética literária do Barroco no Brasil);
Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias religiosas ( sacras), líricas e satíricas;
padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes, Sermão da Sexagésima etc.
• O Sermão da Sexagésima versa sobre a arte de pregar em suas dez partes.
Nele, Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear. Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos),
Usa a Técnica de disseminação e recolha, por meio do qual o autor “lança” os elementos e depois os retoma, um a um, explicando-os. Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus (e que muito bem caberia em políticos atuais), que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus.

O Sermão de Santo António aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre António Vieira, que toma vários peixes (o roncador, o pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos.
Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão pretende louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Este sermão (alegórico) foi pregado três dias antes de Padre António Vieira embarcar ocultamente (a furto) para Portugal, para obter uma legislação justa para os índios.
Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens.

Neoclassicismo ou Arcadismo ( século XVIII ) (1768- 1836)(SETECENTISMO)

o O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores.
o Esse fato influenciou na produção da obras desta época.
o Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão.
o A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil.
o Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades
o vida bucólica passa a ser valorizada,
o idealização da natureza e da mulher amada.
o As principais obras desta época são:
 Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa( 1768),(GLAUCESTE SATÚRNIO)
 O Uraguai de Basílio da Gama, (TERMINDO SIPÍLIO)
O Uraguai, 1769
É uma obra épica escrita em cinco cantos, em versos
decassilábicos brancos (sem rimas e sem estrofação). Este poema não segue a estrutura camoniana de composição (oitava rima).
Inovação no tema contemporâneo para um poema épico: exaltar o Marquês de Pombal e sua política, e criticar os jesuítas. No poema é narrada, apesar de ainda exaltar a natureza (que não chega a ser bucólica) e o bom selvagem (instigados pelos jesuítas espanhóis), a luta de portugueses e espanhóis contra os índios dos Sete Povos das Missões. No drama principal, além dos personagens jesuítas caricaturizados e do herói português que comandou a tomada, os índios Sepé (o famoso Sepé Tiaraju), Cacambo e Lindóia. Sepé morre logo no começo e depois o também guerreiro Cacambo morre. Lindóia, que era sua esposa, fica extremamente deprimida e deixa que uma cobra a pique.

 Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga, (DIRCEU)

 Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão
Caramuru - Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781)
Conforme diz o nome completo, a obra pretende descrever o processo de descobrimento por Diogo Álvares Correia, vítima de um naufrágio no litoral baiano. Há uma exaltação da terra brasileira, com descrições que lembram a literatura informativa do Quinhentismo. Apesar da influência camoniana, não se usa a mitologia pagã. Registra os costumes tribais dos índios, além de descrever a fauna e a flora brasileiras.
Composto em dez cantos e versos decassílabos, tem como heróis Diogo Álvares (Caramuru), Paraguaçu (com quem Diogo se casa e vai para Paris) e Moema (a bela amante preterida no casamento que morre nadando atrás de Diogo).